De Basileia até ao infinito

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Lucho

Lucho

Novato
A cadeira de sonho

Nota: Este artigo será dividido em três textos, sendo que o 2º será publicado amanhã e a 3º no sábado.


Antes de analisar o momento actual, vamos recuar até Junho:

Após uma temporada brilhante, considerada unanimemente como uma das três melhores da nossa história, com todos os jogadores a apostarem forte na permanência no plantel para 2011/2012, com os adeptos a sonharem com mais conquistas internas e na Europa, com notícias de reforços sonantes para reforçarem as lacunas existentes, eis que o AVB bate com a porta e decide rumar para o Chelsea, surpreendendo meio mundo e deixando a nossa SAD atónita e sem qualquer tipo de reacção; num golpe à Pinto da Costa, o mesmo decide nomear o adjunto Vítor Pereira como técnico principal, com uma cláusula de 18 milhões de Euros e, mais importante que isso, oferece-lhe a hipótese de escolher a sua equipa técnica, independentemente do seu CV, tal como aconteceu com o AVB.

E aqui começa o 1º ponto da análise ao momento actual: a equipa técnica.

Se a experiência do VP enquanto técnico principal se resume basicamente aos anos do Santa Clara, onde dispôs de planteis acima da média mas nunca alcançou a subida (e já voltarei a esta fase), a escolha do Rui Quinta para adjunto foi um tiro no escuro, baseada apenas na amizade pessoal que o une ao técnico principal; apesar do CV mencionar duas passagens (sem sucesso) pelos campeonatos principais, a verdade é que a sua carreira se estendeu pela 2ª B e 3ª divisão e mesmo assim, sem resultados fora de série. Mais curioso do que isso, uma característica que sempre lhe apontaram foi a forma branda como trata os seus jogadores, sem grande pulso e baseando-se nas relações fora de campo para cativar os jogadores. Ora, voltando às temporadas do nosso técnico nos Açores, quais foram os comentários mais usuais sobre a equipa?

- Fraca capacidade física

- Sem fio de jogo, dependendo unicamente das individualidades.

- Pouco pulso sobre o plantel.

Ora, sabendo de antemão o que aconteceu a uma escala competitiva inferior, vamos aceitar um adjunto cujo historial é o mesmo? Já nem falo do Semedo, um jogador acima da média mas conhecido por sucumbir facilmente a qualquer tipo de pressão… ou seja, em vez do Paulinho Santos ou Capucho, jogadores carismáticos, com provas dadas na liderança, escolhemos alguém maleável, indeciso e fraco psicologicamente? Posto isto, falta a grande batalha da pré-temporada: a contratação do Prof. Filipe ao Santa Clara, uma exigência do VP que até obrigou ao pagamento duma indemnização à equipa Açoriana e que é reconhecido por ter uma má relação com os grupos de trabalho por onde passou; uma vez mais, as amizades pesaram e muito na escolha da equipa técnica mas… depois do dossier AVB e possuindo uma confiança absoluta no VP (e já agora na sua humildade e lealdade, diga-se de passagem), mais uma vez a SAD anuiu e continuou a planificação da temporada com as alterações efectuadas pela equipa técnica, tais como o aumento do número de jogos de preparação que levou ao aumento da carga física, a chamada pré-temporada à Italiana, com resultados óptimos em Novembro/Dezembro mas que pura e simplesmente mata os jogadores durante os primeiros meses da temporada. Exemplo prático: o Sporting de 1999/2000, treinado por um Italiano durante os primeiros meses da temporada, sem resultados por aí além, sem boas exibições e de repente surgiu em força na 2º terço do campeonato, conquistando o título pela 1ª vez em 18 anos.

Teoricamente, o planeamento da temporada foi uma mera continuidade da metodologia usada em 2010/2011 mas dois factores, deveras importantes, não foram devidamente tomados em consideração: a Copa América e o desejo de alguns jogadores seguirem para outras paragens após a saída do AVB. E esses dois pontos serão a base da análise que constará no 2º texto.
 

famaboys

Eterno #4
Excelente, Tiago. :handclap: :prayer:

Nunca percebi muito bem a escolha do Rui Quinta para adjunto. Fiquei estupefacto na altura. Se já olhava com desconfiança para o treinador quando vi o seu nome bailar (nem com aquelas TRETAS de que ele é que fazia praticamente tudo no tempo do André). Eu sei que a escolha do treinador é a única em que o Pinto da Costa não deixa ninguém intervir. Infelizmente desta vez parece-me ter errado mas nunca irei deixar de apoiar a equipa. Outro erro foi dar carta branca ao Mister para escolher a sua própria equipa técnica e aqui nota-se a falha, as amizades valem muito mais que a competência. Quero lá saber do 18 que teve no Curso, quero é resultados dentro de campo e isso eu não tenho visto, apesar de ganharmos alguns jogos as exibições têm sido pobres, sem garra, vontade, querer e ambição.

A saída do André, custou muito e os jogadores devem-se sentir os mais traídos pois parece-me que lhes foi prometido a manutenção de tudo conforme estava. Não condeno o André por ter saído mas o facto de ele ter saído fez com que muitos jogadores andassem com vontade de sair, de dizer coisas que lhes iam na alma. Enfim, abriu crateras que ainda não estão totalmente fechadas.

O planeamento da época teve um erro grave. Normalmente a gente antecipa-se ao mercado mas quando se confirmou a saída do Falcao eu não acreditava que não tínhamos um substituto "à altura" dele. Sei que o Kléber e o Walter têm qualidade mas estão verdes para um clube como o Porto.
 
OP
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Lucho

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Novato
A cadeira de sonho – Parte II

A copa América é um torneio que se realiza actualmente a cada 4 anos e reúne todas as selecções nacionais da América do Sul (com excepção das Guianas e Suriname) numa competição conhecida pela competitividade e rivalidades extremas. Nessa óptica, todos os jogadores seleccionados partiram logo após a conquista da taça de Portugal para os pré-estágios das suas selecções (alguns deles em altitude) e aqui nasce o primeiro problema: a ausência de férias por parte da nossa armada sul-americana e os reflexos na preparação da temporada.

Creio que qualquer adepto parte do princípio que a ausência de férias e uma pré-temporada efectuada fora de tempo, causa enormes transtornos no desenvolvimento da forma física de qualquer atleta mas essa não foi a opinião do VP nem do Prof. Filipe, que integraram os jogadores regressados da Copa e já agora do mundial de sub-20, sem restrições e sem um plano preparatório, tal como se viu nos minutos acumulados pelo Cebola, Álvaro, Falcao ou Guarín durante o final da pré-temporada e nas supertaças. Mais: a Copa América foi disputada sob temperaturas baixas e não existiu qualquer preocupação para evitar que a mudança súbita do clima fizesse algum tipo de mossa nos jogadores, demonstrando as “competências” do nosso preparador físico. Recordam-se da pré-temporada em que disputamos a Peace Cup e os consequentes resultados dessa temporada? Tirem as vossas conclusões.

Como se a deficiente preparação da temporada não fosse suficiente, a saída do AVB lançou uma verdadeira caça aos nossos jogadores: é de referir que até a sua saída, os rumores sobre eventuais transferências eram escassos e sempre que existia algum rumor, era prontamente desmentido pela SAD e pelo jogador; no entanto, após esse momento, a habitual blindagem aos nossos activos foi totalmente descurada pela SAD, dando azo a declarações pouco habituais por parte dos nossos jogadores e nem mesmo a sensacional renovação do Falcao e a sobriedade das declarações do Hulk, conseguiram apagar essa falha. Além disso, se conseguimos jogar em antecipação em alguns casos, uma tendência que se vem a acentuar desde 2007, por outro lado deixamos os dossiers arrastarem-se por semanas, criando:

- Instabilidade na formação do plantel e nas consequentes rotinas de jogo.

- Uma verdadeira dança de nomes e rumores que causaram mau estar entre os jogadores.

- Dificuldades na aquisição dos nossos alvos dado que não agimos com a celeridade habitual, inflacionando preços e acordos salariais.

- Dificuldades na gestão do balneário.

Com tantas indefinições, tantas anormalidades na preparação da temporada e com alguns resultados menos positivos durante a pré-temporada, foi uma questão de tempo até a lua de mel entre os adeptos e o VP terminar e tudo se precipitou ainda mais com o início da temporada interna, ainda mais agravada com as lacunas no plantel e sobretudo, com a mudança nos princípios de jogo; e isso será dissecado na última parte desta crónica.
 

HG11

Top Poster aka jugador de Porto
só não concordo quando dizes que o nº de jogos da pré-época aumentou,onº de jogo foi o mesmo que na época anterior em que ganhámos tudo :fixe:
 

famaboys

Eterno #4
Mais uma vez, excelente, Tiago. :prayer:

De facto tocas em pontos que foram cruciais para nos levarem até ao momento presente. A incompetência é gritante nesta altura.
 
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Lucho

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Novato
Hugofeg disse:
só não concordo quando dizes que o nº de jogos da pré-época aumentou,onº de jogo foi o mesmo que na época anterior em que ganhámos tudo :fixe:

7 jogos em 2010/2011 e 7 jogos em 2011/2012 com uma ressalva: em 2010 disputamos o torneio de Paris (com outro tipo de competitividade) enquanto em 2011 apenas disputamos jogos de carácter amigável e sem limite de substituições
 

HG11

Top Poster aka jugador de Porto
isso já é diferente,concordo também que se pedia adversários mais exigentes,tivemos apenas o LYon,enquanto que na época passada tivemos Ajax,Sampdoria,PSG,Bordeux
 
Ao tempo que ando a pedir que, pelo menos, e já que não querem mexer em mais nada, que se altere o preparador físico!!! É uma nódoa!
 
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Lucho

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Novato
A cadeira de sonho - Parte III

Voltando a recuar no tempo: em Junho de 2011 e após a falência do modelo das transições rápida, o AVB decide que a melhor maneira de dar a volta à situação resumia-se a um ponto simples: capacidade de segurar a bola, atacar em bloco e defender com duas linhas muito avançadas em campo, asfixiando o adversário e não permitindo pensar o jogo desde a saída da sua área. Além disso, conseguiu com praticamente o mesmo plantel de 2009/2010 colocar todo o seu plano em prática e sempre conseguiu duma forma ou de outra superar as lesões que foram surgindo, por exemplo Falcao, Fernando, Belluschi, Álvaro, entre outros.

E aqui começa o derradeiro problema do VP, a ansiedade em cortar com o passado, isto apesar da lealdade e humildade que sempre demonstrou perante o AVB; essa tal mudança seria perfeitamente aceitável, até um certo ponto, se o plantel fosse alvo duma remodelação profunda, se as características dos novos jogadores não encaixassem no modelo de jogo trabalhado na temporada passada mas... perdemos "apenas" o Falcao e verdade seja dita, todos os jogadores nucleares na pressão alta, circulação de bola e diagonais ficaram no plantel, logo, não existia qualquer motivo para alterar o sistema de jogo excepto por opção directa do VP. Ao passar dum sistema dinâmico, em que todos os jogadores eram chamados a intervir de forma activa e onde facilmente atingiam um lugar de destaque, para um sistema de transições rápidas em que as jogadas se desenvolvem em três, quatro toques e onde o protagonismo cai sempre em cima dos mesmos jogadores, é natural que os mesmos se sintam desmotivados e até mesmo fartos do treinador, como aliás tem vindo a público.

Se o treinador não consegue motivar os seus jogadores, não consegue explorar todo o seu potencial, sobretudo do plantel mais caro de sempre do futebol Português, a sua margem de manobra já de si reduzida, certamente irá desaparecer os primeiros resultados negativos e creio que neste momento, a saída do VP é o único caminho a seguir caso a SAD deseje atingir resultados desportivos de vulto esta temporada, caso contrário todo o dinheiro investido terá sido em vão e prevejo grandes dificuldades para manter um plantel com a mesma qualidade para 2012/2013.

Em suma, toda uma sequência de erros de avaliação, estruturais e até mesmo, alguma falta de inteligência e bom senso, iniciaram e desenvolveram esta "crise" e a meu ver, se porventura a equipa tiver um resultado negativo em Olhão, será o fim da linha para o Vítor Pereira e... que venha outro, mais competente, pragmático e capaz para a nossa cadeira de sonho.
 

famaboys

Eterno #4
Mais uma vez excelente. :prayer:

"E aqui começa o derradeiro problema do VP, a ansiedade em cortar com o passado, isto apesar da lealdade e humildade que sempre demonstrou perante o AVB; essa tal mudança seria perfeitamente aceitável, até um certo ponto, se o plantel fosse alvo duma remodelação profunda, se as características dos novos jogadores não encaixassem no modelo de jogo trabalhado na temporada passada mas... perdemos "apenas" o Falcao e verdade seja dita, todos os jogadores nucleares na pressão alta, circulação de bola e diagonais ficaram no plantel, logo, não existia qualquer motivo para alterar o sistema de jogo excepto por opção directa do VP. Ao passar dum sistema dinâmico, em que todos os jogadores eram chamados a intervir de forma activa e onde facilmente atingiam um lugar de destaque, para um sistema de transições rápidas em que as jogadas se desenvolvem em três, quatro toques e onde o protagonismo cai sempre em cima dos mesmos jogadores, é natural que os mesmos se sintam desmotivados e até mesmo fartos do treinador, como aliás tem vindo a público."

É isto. Não foi veiculado que o PdC escolheu o VP porque era a continuidade? Mas qual continuidade? Tanta areia para os olhos...
 
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Lucho

Lucho

Novato
O fabuloso destino duma equipa

Ninguém terá grandes ilusões neste momento, o VP será despedido mais dia menos dia e friso o despedido porque se tivesse alguma vergonha na cara já teria apresentado a sua demissão e surge mais uma tarefa à medida do Pinto da Costa: a escolha dum novo técnico. Ponto prévio: sou um defensor da corrente que alega que neste momento a culpa desta situação está totalmente nos ombros da SAD, estrutura, whatever e o arrastar desta situação apenas demonstra alguma incompetência, vá uma enorme casmurrice por parte do Antero com o apoio tácito do nosso presidente.

Equipa? Temos sim senhor, bastará para tal que todos sejam colocados em sentido, que se comprometam com o clube a 100% e que exista um acordo de princípio para libertar alguns jogadores no final da temporada, de forma a resolver duma vez por todas a questão das entradas e saídas; Temos algumas lacunas mas nada que não possa ser corrigido com trabalho, um dos problemas latentes é a falta de frescura físico e isso resolve-se em dois tempos, basta um preparador físico competente e com provas dadas, algo que abunda no mercado; faltam dois reforços para equilibrar o plantel e um deles, até chega em Janeiro, com uma enorme carga de jogos nas pernas mas creio que motivado para dar o máximo até ao final da temporada, faltando apenas um ponta de lança com provas dadas e desta vez, sem olhar para os critérios de inscrição nas competições Europeias (Vossen, por exemplo).

Posto isto, falta apenas alguém que lidere, que motive, que inspire os nossos jogadores e tendo em conta que o PC não é exactamente previsível na substituição de treinadores, pessoalmente aposto num treinador estrangeiro, com algumas provas dadas, com um contrato relativamente curto e que siga alguns critérios básicos para o nosso clube: disciplina, rigor, ambição, trabalho e gosto pelo futebol ofensivo, e honestamente, sem olhar a salários, prémios e outras componentes salariais... é que, estamos numa posição demasiado frágil para olhar a custos, temos o campeonato ao nosso alcance e mais importante do que isso, necessitamos do dinheiro da Champions para continuar a equilibrar as contas e igualmente, mostrar a nossa matéria-prima aos tubarões Europeus.

Guus, Laudrup, van Basten, um deles seria a minha escolha e sobre eles caíria a responsabilidade de liderar a nossa equipa a mais um título, potencializar os nossos jogadores e demonstrar ao mundo que continuamos vivos, orgulhosos e sempre a olhar para baixo na tabela classificativa. Somos Porto e vamos continuar a ganhar... se existir humildade para admitir os erros e corrigir os mesmos de imediato.
 

Manu

Portista Divino
Lucho, es um senhor. nao ha mais nada, Sem tirar nem por é o que penso do nosso momento.

So adiciono o nome de Jorge Costa
 
Lucho disse:
Somos Porto e vamos continuar a ganhar... se existir humildade para admitir os erros e corrigir os mesmos de imediato.


Ponto chave.
O problema não está em errar,todos erram,acontece.A diferença está em ter a humildade suficiente para assumir esse erro e corrigi-lo.


Devíamos ter aproveitado a paragem das Selecções para a troca de treinador,talvez lhe tenha sido dado um voto de confiança que agora até o próprio admite,de certa forma,que já não tem.
Para mim era despedido na quarta-feira independentemente do resultado.
 
OP
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Lucho

Lucho

Novato
Diria mais, não é a 1ª vez que cometemos um erro de casting mas não se entende o porquê na demora em mandar o VP com a nossa senhora. A máxima da SAD, aprender com os poucos erros que comete, ficou na gaveta.

Além disso, existe a situação inquietante dos salários em atraso nas modalidades e futebol profissional, em grande parte devido ao negócio ridículo com o patético.
 
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