Inovar sem inventar
O tempo foi passando e duma forma ou de outra, o Vítor Pereira manteve o seu cargo, sobreviveu a uma eliminação precoce da taça e da LC, a várias ondas de contestação mas o que salta à vista é a pobreza franciscana do nosso futebol, sem ideias, sem chama, a anos-luz do rolo compressor que nos maravilhou na passada temporada e que voltou às velhas bases do passado, em que as individualidades salvam a equipa e pronto, assim vai o nosso futebol com algumas honrosas excepções ex. Zenit.
Olhando para o nosso plantel e para as oscilações de forma e lesões, juntando o actual momento com alguns jogos sem grande interesse competitivo, creio que seria a altura ideal para colocar em prática algo, que me parece extremamente viável nesta fase: a adopção do 4-4-2 losango como sistema principal, a par claro está do 4-3-3; não só criaria as bases para harmonizar diferentes princípios tácticos, evitando planos "B" tirados da cartola do mágico ali do circo da esquina e potencializando alguns jogadores, que manifestamente poderiam render mais nesse esquema.
Temos o caso do James, um número 10 com uma capacidade técnica assombrosa e com um poder de finalização notável, o Hulk, que a meu ver renderia muito mais colectivamente se colocado como avançado, com uma unidade mais fixa ao seu lado, o Moutinho e Defour, que podiam jogar bem mais adiantados, permitindo não só uma pressão alta mais eficaz mas como uma presença mais forte e consistente na circulação de bola, temos dois laterais, Danilo e Álvaro, com bases no seu passado enquando médios, aliás o Álvaro joga nessa posição no Uruguai e derrete o corredor todo, já o Danilo, apesar de ainda ser uma incógnita, creio que o seu passado enquanto lateral no Brasil se enquadraria perfeitamente num esquema desse tipo e temos um varredor no meio campo que facilmente compensaria saídas e desiquilibrios, como em tempos fez, de forma brilhante, o Paulo Assunção.
Nesta fase, com a lesão do Hulk, com a subida de forma de vários jogadores nucleares e com a ausência de soluções de qualidade inquestionável nas alas, admito que esta solução podia ser a chave para alguns dos nossos problemas, resta saber se o Vítor terá o rasgo para arriscar tacticamente (tenho bastante reticências neste aspecto) e se finalmente, conseguirá modificar o futebol amorfo que se arrasta desde o início da temporada... como diria um celébre estadista, perdemos uma batalha mas não perdemos a guerra; no entanto, temos que saber usar as armas que dispomos, da melhor forma possível e quanto mais depressa, melhor.